Pablo Escobar

Em nome do pai
No filme "Pecados de Mi Padre", filho do traficante colombiano Pablo Escobar faz pedido de desculpas a vítimas da violência

Arquivo Hugo Martinez

O narcotraficante Pablo Escobar, após ser preso, em 1976

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

Quando foi informado por uma jornalista de que o pai havia morrido numa perseguição policial, em 2 de dezembro de 1993, Juan Pablo Escobar disse em alto e bom som que buscaria vingança. A gravação está no documentário "Pecados de Mi Padre" (pecados do meu pai), do cineasta argentino Nicolas Entel, que estreia no Rio e em São Paulo em 7 de maio, em circuito ainda a ser definido.
Porém, diferentemente do que o início do filme anuncia, o que se vê é, nos dias de hoje, um homem de 32 anos tentando reparar os males cometidos por Pablo Escobar (1949-1993), mítico líder do Cartel de Medellín, grupo criminoso que, nos anos 80, chegou a controlar 80% do tráfico mundial de cocaína.
Juan Pablo diz à câmera que, se tivesse escolhido seguir os passos do pai, estaria morto. Por isso preferiu se afastar do crime, mudar de nome e de país. Hoje chama-se Sebastián Marroquín, é arquiteto, vive em Buenos Aires e ficou sem voltar à Colômbia por 15 anos.
Nicolas Entel contou à Folha que, ao iniciar o filme, não fazia ideia do quanto Juan Pablo falaria, mas seu objetivo, de todo modo, era não fazer um documentário tradicional. "Eu queria a história de Pablo Escobar contada pelo ponto de vista do filho. No começo foi difícil, ele não queria criticar o pai. Aos poucos foi se soltando", diz.
Em dado momento das filmagens, Juan Pablo decidiu dar um passo além e fazer um movimento de aproximação aos filhos de duas vítimas importantes do pai. Entel organizou, então, um encontro dele com os descendentes de Rodrigo Lara Bonilla, ministro da Justiça assassinado em 1984, e com os de Luis Carlos Galán, candidato à Presidência da Colômbia, morto em 1989.
Entel reuniu ainda fotos e gravações que dão ideia da vida familiar do traficante, cercado de luxo, dos filhos e da mulher. Impressionantes são as imagens de La Catedral, cadeia que ele mesmo projetou para ir preso após negociação com o governo colombiano.
O diretor também resgata a última conversa telefônica entre pai e filho. Foi a partir do rastreamento dessa chamada que a polícia localizou Escobar e o perseguiu sobre telhados de casas em um bairro de Medellín, até finalmente matá-lo.
O filme levantou debate na Colômbia. "A discussão sobre Escobar lá é difícil. Os crimes são conhecidos, mas as coisas boas que fez estão na memória de muita gente. Parece que o país não está preparado para falar dele", diz Entel.
Na época da estreia, houve quem levantasse a suspeita de que Juan Pablo não é tão inocente como mostra a película e que talvez tivesse participado de certas atividades do cartel.


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