Dunga: Heroi ou Vilao?


A seleção sou eu
Brasil estreia, e Dunga dá início a uma jornada que culminará na vitória ou no fracasso de sua nova era

Brasil x Coreia do Norte
O primeiro jogo da seleção na Copa do Mundo é hoje, às 15h30, com TV

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Em agosto de 2006, o anúncio de Dunga como técnico da seleção surpreendeu o país. No acordo com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o estreante treinador recebeu a missão de romper com a estrutura de privilégios dados a medalhões e reinventar o time, abalado pela derrota na Copa alemã.

Quase quatro anos depois, Dunga chegou à África do Sul com só dois caminhos possíveis. Na busca pelo hexacampeonato mundial, que começa hoje, contra a Coreia do Norte, às 15h30, no Ellis Park, o técnico inicia o périplo que o transformará em herói da nação ou no maior vilão.

Na "reconstrução" da seleção, Dunga impôs seu jeito, colecionou muitos inimigos, queimou jogadores consagrados, rejeitou apelos populares, brigou com a mídia e cortou privilégios da principal emissora de TV do país.

Não parou por aí: ganhou títulos, conseguiu dar padrão tático para o time e conquistou a confiança do grupo de jogadores. Nenhum outro técnico na história da seleção brasileira colocou peso tão grande sobre as costas.
Afinal, Dunga teve liberdade para mandar e desmandar e tornou-se absoluto nos rumos tomados pela seleção mais popular do planeta.
Como o próprio Dunga diz, "a seleção é minha".

"É o maior desafio porque é o próximo. Mas, quando eu era jogador, o maior desafio era o seguinte também. O mais importante é deitar a cabeça no travesseiro e saber que você fez o melhor pela seleção e nós estamos nos preparando muito", disse.
Ele continua: "Sem dúvida, como treinador a pressão e a cobrança são muito maiores. Mas, se vencer, a alegria é em dobro também".

A trajetória atual do gaúcho no banco de reservas irá migrar para uma das duas experiências marcantes vividas por ele como jogador da seleção, só que com muito mais intensidade, qualquer que seja o desfecho.
Em 1990, o nome do atual técnico da seleção foi associado ao pobre futebol do time de Sebastião Lazaroni e à eliminação pela Argentina.

A chamada "era Dunga" é o maior ressentimento que ele carrega contra a imprensa, dizem pessoas próximas a ele. Nem a redenção, com o título em 1994, nos EUA, com Dunga de capitão, serviu para aplacar sua mágoa.
Ele pode, porém, se igualar a Zagallo e Beckenbauer como únicos a levantarem a taça como jogador e técnico. Mesmo que para isso o futebol seja sem brilho. "Eu gosto é de vencer", sentenciou.

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