PAULO VINICIUS COELHO

É você, Dunga!

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Se vencer, Dunga será um técnico consagrado. Se perder, será um ditador irremediável
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A SELEÇÃO DE Lazaroni ganhou a Copa América e fracassou na Copa do Mundo. É o exemplo de que tudo o que se fez nos últimos quatro anos só terá valor dependendo do que acontecer a partir de hoje.
Não adianta ganhar a Copa América, a Copa das Confederações, fazer treino aberto ou fechado, agradar ou desagradar aos patrocinadores, montar uma seleção de craques ou de coadjuvantes.

O que tem valor é estar na África no dia 11 de julho. Se vencer, Dunga será um técnico consagrado. Se perder, um ditador irremediável.
Vencer exige entender se o time montado nos últimos quatro anos é perfeito ou precisa de ajustes. Exige fazer mudanças rápidas, ao perceber que as coisas não vão bem. Técnico serve para isso, não para fechar a porta e a cara quando se espera que olhe nos olhos das pessoas e dê as explicações que lhe são cobradas. Exige saber as qualidades e os defeitos dos rivais e de seu próprio time. Qualidade como marcar 1 a cada 3 gols em contra-ataques.

Em parte, é isso o que explica as vitórias em clássicos contra Itália, Argentina e Inglaterra e dificuldades contra times fechados, como a Coreia de hoje. Na estreia na Copa das Confederações, há um ano, o Brasil venceu o Egito por 4 a 3, no único jogo em que a defesa sofreu três gols. Aí está um defeito.

Mas não é verdade que o Brasil não jogue com posse de bola. Em regra, a seleção tem mais de 50% do tempo com a bola sob seu domínio, o que tem sido requisito fundamental para vencer partidas na Copa da África.

A dificuldade não é ter a bola, mas entrar na defesa fechada. Os números até indicam que esse problema diminuiu. Nos primeiros anos de Dunga, o Brasil só construía 25% de seus gols com a posse da bola. Hoje são 30%, índice que se aproxima da artilharia em contra-ataques (33,3%).

Contra defesas fechadas, o gol não nasce se o passe não for perfeito, lição oferecida pela Alemanha há dois dias. Os alemães não contra-atacaram. Abriram espaços.

É isso o que o Brasil precisa fazer hoje. A Coreia terá três zagueiros e rapidez pelo lado de Michel Bastos, o mais vulnerável da seleção. No treino de domingo, Dunga manteve a formação que sofreu contra o Zimbábue e a Tanzânia. Evitar novos sofrimentos é a missão de Dunga, se não quiser passar o resto da vida ressentido com seus críticos.

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