Na igreja da Penha, sermão sobre paz é ao som de tiros
MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
O barulho dos helicópteros sobrevoando o Complexo do Alemão atrapalhava o sermão do padre na igreja da Penha, sobre paz. A troca de tiros da operação policial também podia ser ouvida.
Os poucos fiéis que apareceram em uma das três missas de ontem de manhã viram ali um cenário quase de guerra. Cinco homens da Polícia Militar, em posição de tiro ao lado da escadaria principal, observavam a movimentação na favela.
"As pessoas estão com medo de sair. Mas a igreja não pode se afastar de seus fiéis, ainda mais num momento de sofrimento", disse o pároco local, Serafim Fernandes.
Do pátio da igreja, construída no topo de uma rocha a 111 metros de altura, é possível ver a Vila Cruzeiro, o Complexo do Alemão e a estrada por onde os traficantes fugiram de uma favela para a outra. Na última quarta, bandidos usaram o lugar como ponto de monitoramento.
De acordo com Fernandes, isto é uma prática. "Não dá para negar que aqui é um ponto estratégico", diz.

MENSAGEM PAPAL
O papa Bento 16 enviou ontem uma mensagem ao arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, em que expressa "profunda mágoa" com os "graves enfrentamentos e as violências destes dias no Rio de Janeiro, particularmente na comunidade Vila Cruzeiro".
Na carta, o papa promete rezar pelos mortos e suas famílias e "pede aos responsáveis que ponham fim às desordens". A mensagem chegou por um fax enviado pelo núncio apostólico dom Lourenzo Baldisseri.
Na tarde de ontem, a Igreja Católica do Rio de Janeiro fez uma benção para a cidade. A cerimônia ocorreu aos pés do Cristo Redentor.

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