FERNANDO DE BARROS E SILVA escreve sobre a interrupcao temporaria de energia

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Apagão e modernidade

SÃO PAULO - O moderno ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afilhado político do moderno presidente do Senado, José Sarney, disse ontem em entrevista coletiva que o sistema de fornecimento de energia do Nordeste "é robusto, é muito bom e é moderno". Hummm...

Sete Estados ficaram no escuro entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem. Houve rebeliões em presídios, problemas de abastecimento de água, fechamento de hospitais e delegacias, entre outros transtornos. Lobão disse que o apagão "é normal" e "acontece em quase todos os países do mundo". Disse mais: "Não houve apagão, mas interrupção temporária de energia". Haja modernidade!

Entendo de energia tanto quanto Lobão. Ele é bacharel em direito. Mas foi como jornalista que desabrochou na ditadura para em seguida fazer carreira política pela Arena. Sempre foi agregado de luxo da oligarquia Sarney, a holding mais famosa do coronelismo brasileiro.

Ontem, no esforço de explicar o problema que não entendia aos ex-colegas, Lobão disse: "Na tentativa de recompor o sistema de São Luiz Gonzaga, o sistema todo acabou se autodesligando, como autoproteção". Não se "autoentendeu" nada.

O que já está claro, nessa barafunda, é que a pane joga luz sobre o loteamento do setor elétrico, foco da primeira ameaça mais séria de escândalo neste governo.

Em resposta ao tuíte bravateiro do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ameaçou jogar os segredos de Furnas no ventilador, Dilma nomeou Flávio Ducat, afilhado de Lobão e Sarney, para presidir a estatal. É também um nome da confiança da própria Dilma, alguém que trafega na intersecção do dilmismo com o sarneyzismo.

Como Cunha é um personagem notório, cuja atuação destoa até dos padrões históricos do PMDB, fala-se agora em "moralização" do setor. Ouço isso e ouço o sábio Lobão. "Critérios técnicos"? Tudo parece ser apenas uma ilusão de interrupção temporária da fisiologia.

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