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Paulo Caldas faz críticas à igreja em Gramado
Diretor de "Deserto Feliz" compete no festival com "País do Desejo"
Fábio Assunção vive padre no Recife que defende o uso da camisinha e o aborto em caso de estupro
Lauro Alves/Agência RBS/Folhapress
O ator Fábio Assunção durante entrevista no Festival de Gramado sobre "País do Desejo", longa de Paulo Caldas
DA ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
Fábio Assunção não é santo. Mas vestiu a batina de padre para viver o personagem principal de "País do Desejo", longa de Paulo Caldas ("Baile Perfumado", "Deserto Feliz") exibido pela primeira vez no Brasil anteontem, durante o 39o Festival de Cinema de Gramado. Junto a uma comunidade pobre do Recife, o padre José sustenta ideias modernas: defende o aborto em caso de estupro e o uso da camisinha.
Até que cai de amores súbitos por Roberta (Maria Padilha), uma pianista clássica que sofre de insuficiência renal e está prestes a morrer.
A paixão faz com que ele abandone o celibato e resolva doar um de seus rins para salvar a vida da musicista.
A trama rocambolesca transcorre, então, entre pianos, igrejas e salas de cirurgia. Entre a arte, a ciência e a religião, portanto. A crítica à instituição eclesiástica é uma espécie de eixo gravitacional do roteiro, que deixa episódios mal amarrados e peca por diálogos ao estilo das novelas.
"A crença das pessoas, isso eu respeito. Já a instituição católica, o Vaticano, essa grande empresa multinacional, tem seus problemas gravíssimos", disse Caldas.
O diretor contou ainda que escolheu o Festival de Taormina, na Sicília, para fazer um "test drive" do filme em uma das regiões mais tradicionalmente católicas e no país-sede da igreja.
Pouquíssimo aplaudido, o filme desagradou à crítica e serviu para reforçar a impressão de uma seleção de "vacas magras" entre os longas-metragens brasileiros.
(GABRIELA LONGMAN)
Leia sobre o filme peruano "Las Malas Intenciones"
folha.com/il956771
A repórter GABRIELA LONGMAN viajou a convite do festival
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